As barreiras para o mercado consumidor são grandes quando o assunto é Logística. Basta observarmos o exemplo de gigantes do Varejo norte-americano, que têm investido pesadamente em Logística 4.0 para vencer os desafios da precarização da mão de obra e, no caso do Brasil, os obstáculos de lidar com as dimensões continentais de um país que conta, em sua maior parte, com a malha rodoviária para escoar toda a produção de bens de consumo e alimentos.
Em ambientes regulados as complicações são ainda maiores, com a prevalência de modais mais complexos de serem operados, como hidrovias e ferrovias que são utilizadas para o escoamento da produção. É o caso, por exemplo, do petróleo, cujo escoamento dos produtos derivados deve ser realizado por dutos ou navios para bases primárias e secundárias das empresas que vendem esses produtos.
O país tem cerca de 10 mil km de dutos construídos –a maioria localizada nas regiões Sul e Sudeste. Embora seja nestas regiões que se concentre a maior parte do consumo, o produtor vai depender de outro tipo de transporte para as regiões mais ao Norte do país – ou seja, vai precisar usar a malha ferroviária e rodoviária.
O único problema é que a malha ferroviária brasileira só atinge 56% dos usuários – estando 44% dependentes da malha rodoviária, segundo um estudo do COPPEAD de 2004 – na época, esse gap foi contabilizado em R$ 50 milhões/ano para as distribuidoras de derivados de petróleo no Brasil.
E onde entra a Logística 4.0 na logística dos derivados de petróleo?
Neste cenário, a Logística 4.0 chega para dar mais fluidez e utilidade à coleta de dados feita pelos diferentes agentes da distribuição de derivados de petróleo, que hoje passa por vários sistemas que pouco conversam entre si.
Isso vai muito além dos dados de localização da carga. No caso dos derivados de petróleo, por exemplo, em que ferrovias e hidrovias também fazem parte do processo, a verificação de qualidade é feita por longos procedimentos de inspeção que passam por todos os estágios de distribuição. O objetivo dessas inspeções, geralmente controladas por checklists que são preenchidos de maneira manual em muitas distribuidoras, é garantir que a carga chegue ao seu destino com toda a documentação que comprova que sua regularidade está em dia.
Um dos avanços da Logística 4.0 que vai facilitar esse processo são as plataformas capazes de integrar os mais diversos sistemas usados para preencher os dados necessários para essas inspeções. Hoje isso é feito de maneira manual, mas a tendência é que boa parte desse processo seja automatizada com soluções capazes de centralizar todas as informações necessárias online, em um único ponto, para dar aos líderes do processo a visibilidade necessária da carga, informando, por exemplo, que um item está parado devido a uma não conformidade.
O sistema é capaz de fazer o bloqueio da carga automaticamente com base nas informações presentes na inspeção de qualidade dos processos, como a falta de guias específicas, divergências em notas fiscais e outras informações legais necessárias para a operação logística. Ao mesmo tempo, toda a inspeção de qualidade, que também depende dos checklists, pode ser automatizada por meio do preenchimento automático feito com base na integração de dados de múltiplos sistemas de controle logístico.
Além de eliminar os erros de tributação, a automatização da validação de divergências e o controle de variáveis do processo vai reduzir o número de não conformidades que atrasam a distribuição, dando muito mais agilidade e eficiência a todas as etapas do processo logístico.
Fonte: www.revistamundologistica.com.br