Em um país de proporção continental, como o Brasil, a logística nunca será apenas mais um setor dentro das companhias. Segundo dados da consultoria do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), os custos logísticos no Brasil equivalem a mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Só os gastos com transportes e distribuição consomem, aproximadamente, 10% do faturamento das empresas brasileiras. Gestão interna e ações governamentais afetam diretamente esses números.
Desde o início dos tempos, o homem precisou se adaptar para garantir sua sobrevivência, diante das limitações e escassez da natureza. Esse instinto se mantém até os dias atuais, estendendo-se às empresas. É nesse ponto que a logística se transforma em infralogística, ou seja, as companhias precisam usar da melhor maneira o planejamento interno para amenizar os gargalos de infraestrutura. Esse ponto será fundamental para o sucesso ou fracasso dos negócios.
Poderíamos discorrer sobre os inúmeros problemas e oportunidades estruturais, que refletem em custos para as empresas, como os dados, apresentados também pela pesquisa do ILOS, realizada com 126 empresas brasileiras, sobre quais ações deveriam ser realizadas, a fim de reduzirem o custo logístico. Melhorar a gestão de ferrovias com integração multimodal foi a principal reivindicação do setor, com 70,7% do total. Em segundo lugar, o aumento no acesso às ferrovias do Sudeste e Sul foi apontado por 68,6% dos executivos, seguidos por mudança na cobrança do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) (67,2%), redução da burocracia portuária (65%) e melhoria nas condições rodoviárias (62,7%).
Como sabemos, os problemas com infraestrutura são vários, mas a minha reflexão é sobre o que as empresas estão fazendo para reduzirem os seus gargalos internos e como lidam com os diversos desafios cotidianos. Entre esses obstáculos, podemos destacar: integração entre vários atores da cadeia, aumento de margem e resultados, prevenção de rupturas e equilíbrio de estoques, falta de recursos físicos e humanos, redução de custos da frota e fretes, aumento do nível de serviço e adaptação à complexidade tributária.
A sorte das empresas é que, para gerenciar tudo, não é preciso contar com mágica. Para lidar com tantos gargalos, que podem atrapalhar seus resultados, existem, no mercado, inúmeras soluções e tecnologias adequadas para resolver cada um desses pontos críticos, afinal esse é um mercado que não tolera erros.
As tecnologias da informação, usadas para integrar toda a cadeia produtiva, partem de ferramentas de backoffice (compras e suprimentos, gestão de contratos, estoque e custos, vendas e faturamento, financeiro, contábil, automação fiscal etc), passando por soluções especializadas no core business (Warehouse Management System (WMS), Transportation Management System (TMS), Order Management System (OMS), Frete Embarcador, SARA, manutenção de frotas, automação de força de vendas, otimizador de estoque, entre outras), até as complementares (cloud computing, gestão de capital humano, Business Process Outsourcing (BPO), Enterprise Content Management (ECM), marketplace etc).
As empresas que subestimam sua eficácia, em geral, acabam pagando alto custo em suas operações e apresentam baixos índices de produtividade e competitividade. Calcula-se que 25% das atividades de uma empresa, de qualquer segmento, estão relacionadas à logística interna. Uma boa gestão da infralogística, por sua vez, pode gerar um índice de eficiência de até 95%.
Quem ainda não está convencido de sua importância, um pouco de história pode ajudar. A palavra logística, deriva do grego, significa discurso, razão e racionalidade. As primeiras evidências de seu uso foram em campos de batalha, durante a Segunda Guerra Mundial, nos quais era preciso manter as tropas militares no campo. Por causa do tempo incerto de quanto duraria a guerra, houve a necessidade de planejar as movimentações, estudar terrenos, garantir o suprimento de armamentos, medicamentos e alimentos às tropas em ação. Além disso, grandes distâncias eram percorridas por terras a serem conquistadas.
Trazendo esse cenário para os dias atuais de qualquer organização, fica fácil entender que as necessidades para planejar, produzir e entregar permanecem inalteradas. Nesse sentido, continua, também, a busca por melhores desempenhos para aumentar a competitividade, reduzir custos e otimizar tempo.
Estamos na era da tecnologia e precisamos saber usá-la em nosso benefício. O Brasil ainda tem muito a evoluir em questão de infraestrutura logística, mas enquanto isso amadurece, as empresas podem fazer a parte delas, traçando rotas inteligentes. Deixar de conferir manualmente milhares de notas fiscais, gerenciar pedidos, manter estoques inteligentes, incentivar a troca eletrônica de documentos, usar as facilidades de plataformas de marketplace e e-commerce para fazer negócio, cuidar da manutenção de seus caminhões, rastrear pedidos e aperfeiçoar entregas estão entre as vantagens. A tecnologia está disponível para ajudar as companhias a driblarem esses gargalos e se tornarem efetivamente mais competitivas no mercado em que atuam.
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Fonte: www.revistamundologistica.com.br